ENTRE PALAVRAS
de tudo o que se pode guardar
guarde o silêncio
objetos são perecíveis
palavras... dispensáveis
o silêncio é enfático e duradouro
ainda que por alguns instantes
a reflexão é do silêncio
o ancoradouro
fere com estacas pontiagudas
a alma das palavras
serpenteia como lâminas cortantes
o silêncio é grilo falante
quando se colhe sentimentos
filho da verborragia
corta o ar como uma cotovia
nos versos da poesia
o silêncio é chama intrépida
travestido de palavras em seda fria
som estrepitoso
ecoa solitário
nas cavernas da mente
entre palavras e palavras
a pausa colossal do silêncio
é brado veemente
lacuna onde se deita
o que não é dito
ou dito de modo surpreendente
no suspiro abafado
no canto dos olhos
no sorriso embotado
brada o silêncio
o que os pulmões condensam
revela o que os seres
mais sensíveis pensam
faz imenso barulho em mim
é começo e é o fim
Úrsula Avner
guarde o silêncio
objetos são perecíveis
palavras... dispensáveis
o silêncio é enfático e duradouro
ainda que por alguns instantes
a reflexão é do silêncio
o ancoradouro
fere com estacas pontiagudas
a alma das palavras
serpenteia como lâminas cortantes
o silêncio é grilo falante
quando se colhe sentimentos
filho da verborragia
corta o ar como uma cotovia
nos versos da poesia
o silêncio é chama intrépida
travestido de palavras em seda fria
som estrepitoso
ecoa solitário
nas cavernas da mente
entre palavras e palavras
a pausa colossal do silêncio
é brado veemente
lacuna onde se deita
o que não é dito
ou dito de modo surpreendente
no suspiro abafado
no canto dos olhos
no sorriso embotado
brada o silêncio
o que os pulmões condensam
revela o que os seres
mais sensíveis pensam
faz imenso barulho em mim
é começo e é o fim
Úrsula Avner
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