segunda-feira, 21 de junho de 2010


MOTIVO

No coração
a palavra rumina
a indignidade do chumbo
que escurece as manhãs.

Com suas garras de luz
os versos que vingam
no deserto interior
anunciam o oásis
onde a linguagem sacia
a sede de sonhos.

Na manhã dourada
que se anuncia
entre um vento e outro

as estrelas mortas
ressucitarão na obscuridade da alma
reverberando um farol de mel
contra as varizes do desencanto
sepultando o latifúndio as noites.

Eis o poema

ponte dialética

entre a sintaxe do abismo
e a gramática dos silêncios.


Ronaldo Cagiano
in Suplemento Literário de Minas Gerais

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