terça-feira, 14 de setembro de 2010




VOCÊ NUNCA ESTÁ SÓ



Você nunca está só. Sempre ao seu lado
Há um pouquinho de mim pairando no ar
Você bem sabe: o pensamento é alado
Voa como uma abelha sem parar.

Veja: caiu a tarde transparente
A luz do dia se esvaiu... Morreu
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.

O vento, ao pôr do sol, num balanço de rede
Agita o ramo e o ramo um traço descreveu
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo: é meu.

Se uma fonte a correr chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.

Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentiu
Esta lágrima, juro, não é sua
Foi dos meus olhos que caiu...

Olegário Mariano

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