sábado, 2 de outubro de 2010




CREPÚSCULO


Começa a entardecer. Amor, é tarde...
Descansa no meu peito a tua fronte,
e vê o Sol baixando no horizonte,
em chamas de ouro, como brilha e arde.

Agora, resignados, sem alarde,
vamos descendo a encosta deste monte.
Já não tenho mais versos que te conte,
e nem um verso eterno em que te guarde!...

Calam-se os passarinhos no arvoredo.
- É a noite que vem. Não tenhas medo.
Acabaram-se os cantos festivais.

Silencio. Solidão. Ninguém se afoite...
Anoitecer que importa, se é de noite
que os beijos de quem ama sabem mais?!

Francisco Espínola de Mendonça - Açores
1891-1944

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