domingo, 17 de outubro de 2010




 A VIDA

A alvorada foi risonha;
Ergueste-te como o dia,
Eu fiz, naquela alvorada,
Uma alegre profecia.

Inda radiava fulgente
Vénus, a saudosa estrela,
Ja tu ornavas as trancas
E cantavas à janela.

E dos laranjais vizinhos
Os rouxinóis acordados
Respondiam-te com trino s
Da tua voz namorados.

Dos virentes jasmineiros,
Que a Primavera enflorava,
Vinha cheio de perfumes
O vento que te beijava.

Quem dissera então ao ver-te
Nessa risonha alvorada,
Que a noite, estrela cadente,
Serias inanimada?


Júlio Dinis

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