sábado, 26 de fevereiro de 2011

 
ANTES DE TUDO JÁ HAVIA AMOR...

Antes se sermos amigos,
Já pertencíamos um ao outro.
E antes de sermos um do outro,
também já fomos amigos...
É um circulo vicioso de um amor
grandioso que nos faz perder
o juízo.

Valquíria Cordeiro

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011


SAUDADE

É o longo espaço do momento
Em que murcharam nossas esperanças
É o sonho que restou no pensamento
Como uma apoteose de nuanças.

Saudade é conservar bem vivo, atento
O amor passado, cálida lembrança!
É contemplar sozinho ao desalento
A extrema solidão que em nós descansa.

Saudade é um coração pulsante forte,
Palpitante, ansioso, inconsolável
Por ver o aproximar de uma partida.

E ser logo atingido pela morte
De seu amor tão grande, inigualável,
Consumindo num adeus de despedida.

Bernardina Vilar

sábado, 12 de fevereiro de 2011



JÁ ESTOU CRUCIFICADO

Sim, eu amo a mensagem da cruz
Até morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz
Até por uma coroa trocar

Cristo vive em mim, aleluia!

Sim na cruz, sim na cruz
Sempre me glorio
E ao fim vou descansar
Salvo além do rio

Fernandinho

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011



UM OUTRO TANTO...

Não sei como consigo
amar-te tanto
se querer-te assim na minha fantasia
é amar-te em mim
e não saber já quando
de querer-te mais eu vou morrer um dia
perseguir a paixão até ao fim é pouco
exijo tudo até perder-me
enquanto, e de um jeito tal que desconhecia,
poder amar-te ainda
um outro tanto.

Maria Teresa Horta

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011



" Poema Acre-Doce "


Onde estás rio Acre?

Por que rio Acre
se suas águas são doces como "alfinim"
no mapa de minha infância?

Onde estás Rio Branco, mal crescida
de vermelhos barracos
que a distância azulou?

Sinfonia da infância:
rumor de chuva no telhado de zinco,
tão bom para dormir!
- rumor de chuva na floresta, besourada distante,
rumor das águas escachoando nas ruas,
caindo das calhas nas barricas cheias,
(que banho gostoso!)
- sinfonia da infância!

Música da banda passando na rua: do grande trombone
rebrilhante, caramujo de cobre
gorda espiral soprando rolos de "dobrados"
que eu ouvia embevecido e curioso, trepado no gradil
do coreto da praça.

Sinfonia da infância:
- o apito das "chatas" na curva da cadeia, rompendo a madorra
dos dias parados, iguais;
o tchá-tchá dos remos das catraias
chapinhando na água do rio, ritmados dentro da noite,
indo e vindo, Penápolis-Empresa, - Empresa, do outro lado
as luzes tremendo em fieiras nas águas do rio, -

(ó meus barcos de sonho, em rios de sombra
que ainda hoje correm sem margens, no tempo).

Onde estás
rio Acre, de Rio Branco,
rio vermelho que o tempo azulou,
que corres para a distância
e que foges de mim?

Rio Acre da minha infância
que sempre vais
de onde vim...

Onde estas Rio Branco, dos bois rodando nos varais
das moendas do engenho, gementes,
(Meu Deus! a tristeza castrada do olhar dos bois!)
dos bois arrastando madeiras pra serraria,
dos cajueiros carregados
das mangueiras noivando
dos cacaureiros da floresta,
e daquele alto cajazeiro que pintava o chão das madrugadas
com salpicos de ouro
depois do vento da noite.

Onde estas Rio Branco
da baladeira na cintura pra caçar sanhaçu,
dos banhos de igarapé
das caminhadas no mato colhendo melão S.João Caetano
as pernas sarapintadas de mucuim
dos ovos de tartarugas desenterrados nas praias
na curva do rio?

Rio Branco
dos santinhos passados na aula,
das representações de fim-de-ano no Grupo Escolar,
das pulseirinhas de chifre - feito cobras de olhinhos
[ de pedras falsas -
que Eudóxia ganhava de presente.

Onde estas Rio Branco, de peito nu,
de pés no chão,
da molecada remexendo os sacos de açúcar rindo à-toa
com as bocas escancaradas no Mercado,
pulando sobre os montes de serragem na Serraria;
das subidas nas altas mangueiras, mirantes
de inesquecíveis paisagens.

Onde estas Rio Branco
da igrejinha branca à beira do barranco
com a corda de seu sino no ar - balanço tantas vezes
de minhas travessuras, - transformadas
em surpreendentes badaladas.

Rio Branco
do "velho" na sala, jogando gamão com o juiz,
do ordenança Manuel, sempre sentado, no alpendre,
do "pega pinto", refresco nos dias de calor,
Rio Branco das primeiras peladas
nos terrenos da igreja;
das primeiras lições de história natural que os bichos ensinavam
nos quintais, nos currais, nas ruas, nos terrenos baldios
na cara de toda gente.

Rio Branco
que para mim ficou, principalmente
neste meu ar de aventura
neste jeito de insubmissão
neste espírito de rebeldia,
nesse amor pela terra, pelas coisas simples, pelos seres humildes,
nesse ácido gosto de liberdade que põe água na boca
como cajá-mirim,
e é impulso, alegria, ânsia incontida e festa.

Neste gosto de liberdade
que até hoje me companha,
como se ainda fosse o garoto de peito nu e pés no chão
que fugia de casa manhã cedo e se perdia em travessuras
no engenho, na floresta, nos igarapés
sem medo da surra que o esperava.

Rio Branco
meu princípio
sem fim,
que não sei onde estás, mas sei que estás
de onde vim.

( Poema de J. G. de Araujo Jorge
in " O Poder da Flor " - 1969 )


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José Guilherme de Araújo Jorge
mais conhecido como J. G. de Araújo Jorge,
foi um poeta e político brasileiro.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

 
AMAR...

"Às vezes, quando o desejo nos impele, amar é espontâneo, mas muitas vezes significa escolher amar, decidir amar. Caso contrário, o amor não passaria de emoção, de superficialidade, ou até de egoísmo, e não aquilo que é na sua essência profunda: algo que compromete a nossa liberdade."

Jacques Philippe