quinta-feira, 30 de setembro de 2010



FLOR AO VENTO

Para cá e para lá
sempre se inclina ao vento o ramo em flor,
para cima e para baixo
sempre meu coração vai feito uma criança
entre claros e nebulosos dias,
entre ambições e renúncias.
Até que as flores se espalham
e o ramo se enche de frutos,
até que o coração farto de infância
alcança a paz
e confessa: de muito agrado e não perdida
foi a inquieta jogada da vida.

Hermann Hesse

quarta-feira, 29 de setembro de 2010



O QUE EU AMO


Amo o silêncio dos lagos,
A viração das campinas,
Amo o céu, a paz dos ermos
E as estrelas peregrinas.

Amo a vida, o espaço, o sol,
A esperança que suponho
Ser minha eterna guarida
Nos trigais loiros do sonho.

Amo as aves intranqüilas,
Nos bosques cantando amores,
Amo a linda primavera
Que traz sonhos, sons e flores.

Amo o remanso das noite,
A nostalgia do luar,
Também amo as pequeninas
Estrelas do teu olhar.


Zoraide Leonel Ferreira 
1920

terça-feira, 28 de setembro de 2010



POR DECORO


Quando me esperas, palpitando amores,
e os lábios grossos e úmidos me estendes,
e do teu corpo cálido desprendes
desconhecido olor de estranhas flores;

quando, toda suspiros e fervores,
nesta prisão de músculos te prendes,
e aos meus beijos de sátiro te rendes,
furtando às rosas as purpúreas cores;

os olhos teus, inexpressivamente,
entrefechados, lânguidos, tranquilos,
olham, meu doce amor, de tal maneira,

que, se olhassem assim, publicamente,
deveria, perdoa-me, cobri-los
uma discreta folha de parreira.


Artur Azevedo
1855-1908

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Rio Branco, Acre.


POETANDO ESTRELAS

Não é só alegria que eu sinto
quando tuas mãos me tocam,
teus lábios molham- me em beijos,
e teus quadris nos meus se encaixam.
Acho que estou sonhando acordado,
abraçado com os deuses,
poetando estrelas
na cintura da lua.
Tamanha é tua beleza
e minha paz!


Roberto Passos do Amaral Pereira

domingo, 26 de setembro de 2010



SEM PERGUNTAS


Deixa que eu te ame em silêncio

Não pergunte, não se explique, deixe que nossas línguas se toquem, e as bocas e a pele falem seus líquidos desejos.

Deixa que eu te ame sem palavras a não ser aquelas que na lembrança ficarão pulsando para sempre como se o amor e a vida fosse um discurso de impronunciáveis emoções.


Affonso Romano de Sant´Anna

sábado, 25 de setembro de 2010



SERENO


Serenidade. Encantamento.
A alma é um parque sob o luar.
Passa de leve a onda do vento,
Fica a ilusão no seu lugar.

Vem feito flor o pensamento,
como quem vem para sonhar.
Gotas de orvalho. Sentimento.
Nevoas tenuíssimas no olhar.

Tombam as horas, lento, lento,
como quem não nos quer deixar.
Êxtase. Vésperas. Advento.

Ouve! O silêncio vai falar!
Mas não falou... Foi-se o momento...
E não me canso de esperar.

Henriqueta Lisboa

sexta-feira, 24 de setembro de 2010



AMOR E MEDO

Estou te amando e não percebo,
porque, certo, tenho medo.
Estou te amando, sim, concedo,
mas te amando tanto
que nem a mim mesmo
revelo este segredo.

Affonso Romano de Sant'Anna,1970

quinta-feira, 23 de setembro de 2010



SONHOS DE CRIANÇA

É tão bom
cultivar
sonhos inocentes
que tanta alegria
nos trazem...

Lembrando
da infância,
meu coração,
volta a ser criança
e começa a brincar...

Faz um aviãozinho
de papel
para cruzar os céus
e o meu carinho
te levar...

Regina Azenha

quarta-feira, 22 de setembro de 2010



PENSAR EM SEU AMOR


Pensar em seu amor. . . Estar sozinho,
num canto de varanda que olhe o mar . . .
Olhe a montanha. . . Um longe de caminho. . .
Céu distante onde os olhos repousar,
e pensar. . .

Seja o que for – Ter uma nuvem leve
no coração. . . Ou chama a crepitar,
a saudade de um beijo. . . um gesto breve. . .
Tudo isso com a nossa alma, recordar
só a nossa alma! . . .
E oh, doce bem ! Pensar. . .

Adelmar Tavares

terça-feira, 21 de setembro de 2010



O LAÇO E O ABRAÇO

Meu Deus!!! Como é engraçado!...
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço...
Uma fita dando voltas? Se enrosca...
Mas não se embola , vira, revira, circula e pronto: está dado o abraço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em
qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando
devagarinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E na fita que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento? Como um
pedaço de fita?
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz - romperam-se os laços.-
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum
pedaço. Então o amor é isso...
Não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.

Maria Beatriz Marinho dos Anjos

segunda-feira, 20 de setembro de 2010



SERIA AMOR?

Posso ser o amor dos teus sonhos
que brinca na areia do tempo
inerte a galopar na brisa
no inverno que me paralisa

Estarei na tua alegria
que saúda as estrelas,
na fé que proclama o sol
ou na chama da vida
que rege meu ser

Serei teu poema
com asas do verão,
sentindo o milagre da criação,
uma chama adormecida
que dança e reluz
entregue às procelas dos teus entrelaces
sem contemplar a razão

Conceição Bentes

domingo, 19 de setembro de 2010



 PRECISO DE ALGUÉM...

Que me olhe nos olhos quando falo.
Que me ouça as minhas tristezas e
neuroses com paciência.
E, ainda que não compreenda,
respeite os meus sentimentos.
Preciso de alguém, que venha brigar ao
meu lado sem precisar ser convocado;
alguém Amigo o suficiente para dize-me às
verdades que não quero ouvir, mesmo sabendo
que posso odiá-lo por isso.
Nesse mundo de céticos, preciso de alguém que creia,
nessa coisa misteriosa, desacreditada,
quase impossível: - A Amizade.
Que teime em ser leal, simples e justo,
que não vá embora se algum dia
Eu perder o meu ouro e não for mais a
sensação de festa.


Charles Chaplin

sábado, 18 de setembro de 2010




AUSENTE



Os que se vão, vão depressa.
Ontem, ainda, sorria na espreguiçadeira.
Ontem dizia adeus, ainda, da janela.
Ontem, vestia, ainda, o vestido tão leve cor-de-rosa.

Os que se vão, vão depressa.
Seus olhos grandes e pretos há pouco brilhavam.
Sua voz doce e firme faz pouco ainda falava,
Suas mãos morenas tinham gestos de bênçãos.

No entanto, hoje, na festa, ela não estava.
Nem um vestígio dela, sequer.
Decerto sua lembrança nem chegou, como os convidados
Alguns, quase todos, indiferentes e desconhecidos.

Os que se vão, vão depressa.
Mais depressa que os pássaros que passam no céu.
Mais depressa que o próprio tempo,
Mais depressa que a bondade dos homens,
Mais depressa que os trens correndo nas noites escuras,
Mais depressa que a estrela fugitiva
Que mal faz um traço no céu.

Os que se vão, vão depressa.
Só no coração do poeta, que é diferente dos outros corações,
Só no coração sempre ferido do poeta
É que não vão depressa os que se vão.

Ontem ainda sorria na espreguiçadeira,
E o seu coração era grande e infeliz.
Hoje, na festa, ela não estava, nem a sua lembrança.
Vão depressa, tão depressa os que se vão...


Augusto Frederico Schmidt
1906-1965

sexta-feira, 17 de setembro de 2010



CAMINHANTE

Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.


Antonio Machado (1875 - 1939) 
Sevilha, Espanha.
Tradução de José Bento

quinta-feira, 16 de setembro de 2010





A ARTE DE SER AMADA



Eu sou líquida mas recolhida
no íntimo estanho de uma jarra
e em tua boca um clavicórdio
quer recordar-me que sou ária


Aérea vária porém sentada
perfil que os flamingos voaram.
Pelos canteiros eu conto os gerânios
de uns tantos anos que nos separam.


Teu amor de planta submarina
procura um húmido lugar.
Sabiamente preencho a piscina
que te dê o hábito de afogar.


Do que não viste a minha idade
te inquieta como a ciência
do mundo ser muito velho
três vezes por mim rodeado
sem saber da tua existência.


Pensas-me a ilha e me sitias
de violinos por todos os lados
e em tua pele o que eu respiro
é um ar de frutos sossegados.



Natália Correia, in "O Vinho e a Lira"

quarta-feira, 15 de setembro de 2010



EU NÃO SINTO A SOLIDÃO
 

É a noite desamparo
das montanhas ao oceano.

Porém eu, a que te ama,
eu não sinto a solidão.

É todo o céu desamparo,
mergulha a lua nas ondas.

Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.

É o mundo desamparo,
triste a carne em abandono

Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.

 

Gabriela Mistral, 1924
Tradução de Pedro Amaro Filho

terça-feira, 14 de setembro de 2010




VOCÊ NUNCA ESTÁ SÓ



Você nunca está só. Sempre ao seu lado
Há um pouquinho de mim pairando no ar
Você bem sabe: o pensamento é alado
Voa como uma abelha sem parar.

Veja: caiu a tarde transparente
A luz do dia se esvaiu... Morreu
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.

O vento, ao pôr do sol, num balanço de rede
Agita o ramo e o ramo um traço descreveu
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo: é meu.

Se uma fonte a correr chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.

Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentiu
Esta lágrima, juro, não é sua
Foi dos meus olhos que caiu...

Olegário Mariano

segunda-feira, 13 de setembro de 2010



O QUE TE TRAGO

Trago-te versos,
Por certo querias beijos,
Mas trago-te versos,
Pois carregam mais que ensejos!

Trago-te meus versos,
Pois neles estão meus desejos,
Trago-te em versos,
Todos os meus beijos!

Trago-te versos,
Que saíram de além mar,
Trago-te versos,
Onde conjugo o verbo amar!

Pois trago-te versos,
Carentes e a suar,
Trago-te versos,
Sedentos por te beijar!


Santaroza

domingo, 12 de setembro de 2010



NÃO POSSO ADIAR O AMOR

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.


António Ramos Rosa

sábado, 11 de setembro de 2010


 

TUAS PALAVRAS, AMOR

Como são belas e misteriosas tuas palavras, Amor!
Eu não as tinha pressentido,
eu era como a terra sonolenta e exausta
sob a inclemência do céu carregado de nuvens,
quando, igual a uma chuva torrencial de verão,
tuas palavras caíram da altura em cheio
e se infiltraram nos meus tecidos.

O' a minha pletora de alegria!...
As árvores bracejaram recebendo as bátegas entre as ramas,
as corolas bailaram numa ostentação de taças repletas,
os frutos amadurecidos rolaram bêbedos no solo.
E eu vivi a minha hora máxima de lucidez e loucura
sob a chuva torrencial de verão!

Como são belas e misteriosas tuas palavras, Amor!...
Minha alma era um rochedo solitário no meio das ondas,
perdido de todas as cousas do mundo,
quando, ao passar dentro da noite na tua caravela fuga,
tu me enviaste a mensagem suprema da vida.
A tua saudação foi como um bando de alvoroçadas gaivotas
subindo pelas escarpas do rochedo, contornando-lhe as arestas,
aureolando-lhe os cumes.

E a minha alma esmoreceu ao luar dessa noite,
ilha branca da paz, num sonho acordado...

Amor, como são belas e misteriosas as tuas palavras!...


Henriqueta Lisboa

sexta-feira, 10 de setembro de 2010



SONETO DE UMA CRIANÇA

Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o seu brilho
de vaidoso intelectual

vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
Talvez bastem para encantar?

Imprevistas, fartas mesadas,
Louvores, prêmios, complacências,
Milhões de coisas desejadas
concedidas sem reticências?

Liberdade alheia a limites,
perdão de erros sem julgamento
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?

E se depois de tanto mimo
que o fascinava, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
forma vazia, amargamente.

Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
Uma centelha de confiança?

Eis, acode meu coração
E oferece, como uma flor,
A doçura desta lição:
dar a meu filho o meu amor.

Pois o amor resgata a pobreza,
Vence o tédio, ilumina o dia
E implanta em nossa natureza
A imperecível alegria.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 9 de setembro de 2010



 EM TODOS OS JARDINS...

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.



Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


 DESPERTA

"Desperta teus sentidos
para que não percas
tudo de belo e formoso
que te cercas.
Apaga a cinza de tua vida
e acenda as cores
que carrega dentro de ti."


Pablo Picasso

terça-feira, 7 de setembro de 2010



A MÚSICA

Arrasta me por vezes como um mar, a música!
Rumo à minha estrela,
Sob o éter mais vasto ou um tecto de bruma,
Eu levanto a vela;

Com o peito prá frente e os pulmões inchados
Como rija tela,
Escalo a crista das ondas logo amontoadas
Que a noite me vela;

Sinto vibrar em mim as inúmeras paixões
De uma nau sofrendo;
O vento, a tempestade e as suas convulsões

Sobre o abismo imenso
Embalam me. Outras vezes é a calma, esse espelho
Do meu desespero!


Charles Baudelaire

segunda-feira, 6 de setembro de 2010



ESCREVI...

No portão do meu coração,escrevi:
" É proibido entrar."
Porém,o Amor chegou rindo, e gritou:
"Eu entro em toda parte."
 
Herbert Shipman

domingo, 5 de setembro de 2010



O VERDADEIRO AMIGO

Compreenda.
Releve.
Nunca abandone
o verdadeiro amigo.
Ele pode nem estar
ao seu lado agora.
Mas certamente,
estará sempre contigo.


Clarice Pacheco

sábado, 4 de setembro de 2010



LIVROS E FLORES

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?


Machado de Assis

sexta-feira, 3 de setembro de 2010


A SILENCIOSA FORÇA DAS FLORES

A silenciosa força das flores
Emana de suas cores
Que são a sua voz
Os seus anúncios
O seu mosaico de intenções
E digressões
Vitais em seus prenúncios

Sua beleza
Sua inestimável fineza
Está
Em seu corpo a corpo com o desejo
Sua façanha é
Inspirar o beijo
Do errante visitante que as fecunda
Silentes
Apelam
Dando gritos de perfume

Ana Hatherly

quinta-feira, 2 de setembro de 2010


POÇAS D’ÁGUA 

. . . poesia dançando nos campos da alma
na evocação da presença lagrima
a dormir na prece do vento irrequieto.
. . . murmúrio do amor que se deitou sozinho
na cama fria da desesperança
com saudade do abraço que aquece os corpos
do beijo a sussurrar promessas presença.
. . . procissão de vozes a se fazerem mar verde
de versos que o vento beija sem chorar
de ilhas virgens a não se deixarem tocar.
Poças d’agua
em meus olhos pisados de paisagens alagadas
inundados de todas as vivencias
vivencias de meus horizontes tímidos
a repousarem sobre estradas gritantes.




Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo

quarta-feira, 1 de setembro de 2010




ROSA SECA

Caiu de um livro no meu regaço
uma dessas velhas
relíquias de um sonho de juventude:
uma rosa seca.

E eu perguntei ao livro de onde vinha
aquela flor.
O livro calou-se: não chegou ao meu ouvido
nem palavra nem som.

Então meus olhos descobriram uma página
onde havia uma nódoa.
Há muito tempo, muito tempo alguém tinha chorado.
Oh, quando e onde?

Beijei a rosa murcha, a rosa seca
e a lágrima também.
Há muito tempo alguém tinha amado:
Oh, quem? e a quem?


-SALOMON BLAUMGARTEN-
(1870 – 1927)
in'Poesia de Israel'
Tradução: Cecília Meireles