sábado, 28 de abril de 2012







 A ESPERANÇA (D)E NÓS

Esperança. Esperança mais do que amor. Não era paixão, ainda não era um desejo incontrolável, estava longe de ser qualquer tipo de "amor da minha vida". O que eu sentia por você era esperança. O que você significava para mim era a esperança de felicidade, felicidade eterna, momentânea, não importa, você era a minha esperança, uma promessa daquelas que a gente mesmo se promete e não conta para ninguém, mas ainda não era amor. O problema (é um problema?) é que eu sou intenso. Você vai achar que eu faço drama, mas drama é fingir que sente o que não sente e eu não, eu sinto mesmo. Sou tão intenso que mesmo que eu sinta só esperança eu vou sentir tanto que você vai achar que eu te amo, mesmo sem a gente nem se conhecer direito. Mas sentir hoje em dia é perigoso. Em um mundo e em um tempo no qual a sensação basta, o sentimento afasta. Só que depois que você tem seu coração partido uma vez e aprende que ele continua batendo, não existe mais medo de amar. Pode até haver um medo de ser amado, mas de amar não: amar é nosso, ser amado é do outro, e só nos compete o que é nosso. Então eu sentia por você só uma vontade de que não fosse só hoje, de que tivesse um amanhã, de que pudesse ficar uma hora a mais além do planejado, de que pudesse sobrar algum espaço na agenda para me encaixar. E eu sentia sobretudo vontade de te ver feliz, com aquela esperança, silenciada em meus sorrisos, de que eu pudesse fazer parte. É isso, eu sentia esperança por você e eu queria fazer parte, não sei do quê, não sei se da sua vida ou se pensava em uma vida nossa, mas eu queria fazer parte. Sei que nem te beijei, mas eu tenho essa capacidade de sentir esperança por quem me encanta. Você me encanta, me dá vontade de abraçar, de ter por perto, de tocar, de ser feliz. Me aperta o desejo de guardar no bolso sua foto, como um mapa de um lugar para o qual eu posso fugir quando tudo der errado (e quando tudo der certo também). Eu gosto de você, mas eu não queria te namorar, não ainda, não agora, não sei se sempre, nem se talvez nunca. Eu queria que continuasse, só que sem fazer de você uma única chance de ser feliz, a esperança era de ser mais feliz por você estar aqui também, não só por você. É esperança, é te querer, mas sem desespero. Desespero no amor é isso, desesperar, deixar de esperar por quem vale a pena, quando vale a pena. Parece que eu te afastei, mas a esperança continua. A esperança ficou e a pergunta também: quanto o mundo ficou mais triste desde que deixamos de ser felizes juntos? Quanto futuro feliz se perdendo em passado durante um presente que não se consegue mudar. Então agora eu já sei o que responder quando perguntarem: "é amor ou amizade?", vou dizer "é esperança". E eu espero com a certeza de que esperançar parece às vezes tão mais livre, bonito e completo do que amar.

 

sexta-feira, 27 de abril de 2012




"Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento..."


Canteiros - Fagner

quinta-feira, 12 de abril de 2012



E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz, você era a princesa que eu fiz coroar e era tão linda de se adimirar!
 
 
Chico Buarque

sexta-feira, 6 de abril de 2012



Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?
 
 
Marcel Proust