domingo, 11 de julho de 2010


HUMILDADE  

Minha humildade de água me trouxera
ao mais íntimo pó do pós de ti
e rira à desatada primavera
os ouros e cristais que ela sorri.
 
Trajada de urze, barro, liquen e hera,
ficara em desbotado e eterno aqui,
marcando, à tinta de ar, pelo ar a espera
de se entreabrirem tempestades e
 
silêncios para os lumes do teu passo.
Modelara-me em terra ou limo crasso
para ser teu desdém, objeto ou chão.
 
Vivera no final de selva e furna,
tornara o coração ilha noturna,
século, inverno a dormir o teu clarão.

Abgar Renault

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